Luís de Camões
Luís Vaz de Camões (1524-1580) foi um poeta português, considerado o maior poeta de língua portuguesa. Autor dos Lusíadas, maior obra literária portuguesa.
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Autor - Luís de Camões
De quantas graças tinha, a Natureza De quantas graças tinha, a Natureza Fez um belo e riquíssimo tesouro, E com rubis e rosas, neve e ouro, Formou sublime e angélica beleza. Pôs na boca os rubis, e na pureza Do belo rosto as rosas, por quem mouro; No cabelo o valor do metal louro; No peito a neve em que a alma tenho acesa. Mas nos olhos mostrou quanto podia, E fez deles um sol, onde se apura A luz mais clara que a do claro dia. Enfim, Senhora, em vossa compostura Ela a apurar chegou quanto sabia De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.
Autor - Luís de Camões
Vencido está de amor Vencido está de amor meu pensamento o mais que pode ser vencida a vida, sujeita a vos servir e instituída, oferecendo tudo a vosso intento. Contente deste bem, louva o momento ou hora em que se viu tão bem perdida; mil vezes desejando a tal ferida outra vez renovar seu perdimento. Com essa pretensão está segura a causa que me guia nesta empresa, tão estranha, tão doce, honrosa e alta. Jurando não seguir outra ventura, votando só por vós rara firmeza, ou ser no vosso amor achado em falta.
Autor - Luís de Camões
Ah! minha Dinamene! Assim deixaste Ah! minha Dinamene! Assim deixaste Quem não deixara nunca de querer-te! Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te, Tão asinha esta vida desprezaste! Como já pera sempre te apartaste De quem tão longe estava de perder-te? Puderam estas ondas defender-te Que não visses quem tanto magoaste? Nem falar-te somente a dura Morte Me deixou, que tão cedo o negro manto Em teus olhos deitado consentiste! Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte! Que pena sentirei que valha tanto, Que inda tenha por pouco viver triste?
Autor - Luís de Camões
Endechas a Bárbara escrava Aquela cativa Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Nem no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular, Olhos sossegados, Pretos e cansados, Mas não de matar. U~a graça viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora De quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde opinião Que os louros são belos. Pretidão de Amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão, Que o siso acompanha; Bem parece estranha, Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim, descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo; E. pois nela vivo, É força que viva.
Autor - Luís de Camões
Quando de minhas mágoas a comprida Maginação os olhos me adormece, Em sonhos aquela alma me aparece Que pera mim foi sonho nesta vida. Lá numa saudade, onde estendida A vista pelo campo desfalece, Corro pera ela; e ela então parece Que mais de mim se alonga, compelida. Brado: - Não me fujais, sombra benina! Ela, os olhos em mim c'um brando pejo, Como quem diz que já não pode ser, Torna a fugir-me; e eu gritando: - Dina... Antes que diga: - mene, acordo, e vejo Que nem um breve engano posso ter.
Autor - Luís de Camões
Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.
Autor - Luís de Camões
A verdadeira afeição na longa ausência se prova.