Luís de Camões
Luís Vaz de Camões (1524-1580) foi um poeta português, considerado o maior poeta de língua portuguesa. Autor dos Lusíadas, maior obra literária portuguesa.
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Autor - Luís de Camões
Mas, conquanto não pode haver desgosto Onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê. Que dias há que n'alma me tem posto Um não sei quê, que nasce não sei onde, Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Autor - Luís de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.
Autor - Luís de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.
Autor - Luís de Camões
Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades.
Autor - Luís de Camões
Raquel Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prémio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assi negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida; Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida!
Autor - Luís de Camões
Enquanto quis Fortuna que tivesse Esperança de algum contentamento, O gosto de um suave pensamento Me fez que seus efeitos escrevesse. Porém, temendo Amor que aviso desse Minha escritura a algum juízo isento, Escureceu-me o engenho co'o tormento, Para que seus enganos não disesse Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos A diversas vontades! Quando lerdes Num breve livro casos tão diversos, Verdades puras são e não defeitos; E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos.
Autor - Luís de Camões
Extremos são de amor os que padeço, Ó humano tesouro, ó doce glória; E se cuido que acabo então começo. Assim te trago sempre na memória; Nem sei se vivo, ou morro, mas conheço, Que ao fim da batalha é a vitória
Autor - Luís de Camões
Se tanta pena tenho merecida Em pago de sofrer tantas durezas, Provai, Senhora, em mim vossas cruezas, Que aqui tendes uma alma oferecida. Nela experimentai, se sois servida, Desprezos, desfavores e asperezas, Que mores sofrimentos e firmezas Sustentarei na guerra desta vida. Mas contra vosso olhos quais serão? Forçado é que tudo se lhe renda, Mas porei por escudo o coração. Porque, em tão dura e áspera contenda, É bem que, pois não acho defensão, Com me meter nas lanças me defenda.