Mario Quintana
Mario de Miranda Quintana (1906 - 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado o "poeta das coisas simples", um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
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Autor - Mario Quintana
Trova Coração que bate-bate... Antes deixes de bater! Só num relógio é que as horas Vão passando sem sofrer.
Autor - Mario Quintana
Poema da Gare de Astapovo O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos E foi morrer na gare de Astapovo! Com certeza sentou-se a um velho banco, Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo Contra uma parede nua... Sentou-se ...e sorriu amargamente Pensando que Em toda a sua vida Apenas restava de seu a Glória, Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas Coloridas Nas mãos esclerosadas de um caduco! E então a Morte, Ao vê-lo tao sozinho àquela hora Na estação deserta, Julgou que ele estivesse ali à sua espera, Quando apenas sentara para descansar um pouco! A morte chegou na sua antiga locomotiva (Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...) Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho, E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu... Ele fugiu de casa... Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade... Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!
Autor - Mario Quintana
Fere de leve a frase... E esquece... Nada Convém que se repita... Só em linguagem amorosa agrada A mesma coisa cem mil vezes dita.
Autor - Mario Quintana
Tenta Esquecer-me Tenta esquecer-me... Ser lembrado é como evocar Um fantasma... Deixa-me ser o que sou, O que sempre fui, um rio que vai fluindo... Em vão, em minhas margens cantarão as horas, Me recamarei de estrelas como um manto real, Me bordarei de nuvens e de asas, Às vezes virão a mim as crianças banhar-se... Um espelho não guarda as coisas refletidas! E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar, As imagens perdendo no caminho... Deixa-me fluir, passar, cantar... Toda a tristeza dos rios É não poder parar!
Autor - Mario Quintana
Um dia...Pronto!...Me acabo. Pois seja o que tem de ser. Morrer: Que me importa? O diabo é deixar de viver.
Autor - Mario Quintana
Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas Atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas.
Autor - Mario Quintana
A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim...
Autor - Mario Quintana
DOS NOSSOS MALES A nós bastem nossos próprios ais, Que a ninguém sua cruz é pequenina. Por pior que seja a situação da China, Os nossos calos doem muito mais...