Mario Quintana
Mario de Miranda Quintana (1906 - 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado o "poeta das coisas simples", um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
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Autor - Mario Quintana
Das delicadezas que a vida ensina, o mais bonito sempre fica: Os laços que se formam entre duas almas também são formas de abraço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braçanão.
Autor - Mario Quintana
Sábios pensares Dos pequenos ridículos nunca faça escândalos ao menos visto que tanto ousas não os faça pequenos o ridículo está é nas pequenas coisas Do pranto não tentes consolar o desgraçado que chora amargamente a sorte má se o tirares por fim do seu estado que outra consolação o restará... Do prazer quanto mais leve tanto mais sutil o prazer que das coisas nos provém escusado é beber todo um barril para saber que gosto o vinho tem... Da contradição se te contradisseste e acusam-te. Sorri. pois nada houve em realidade teu pensamento é que chegou por si só no outro pólo da verdade Da falsidade foi tudo falso o que ela disse ... fecha os olhos, crê, a mentira é tão linda nem ela sabe que fingir meiguice é o mais certo sinal de que te ama ainda Do eterno mistério um outro mundo existe...uma outra vida... mas de que serve ires para lá... bem como aqui, tu'alma atônita e perdida nada compreenderá Do mau estilo todo o bem, todo mal que eles te dizem, nada seria, se soubessem expressá-lo o ataque de uma borbolete agrada mais que todos os beijos de um cavalo
Autor - Mario Quintana
Passageiro Clandestino No porta-mala do meu automóvel Levo um anjo escondido... Quando chegamos a um descampado, Ele sai lá de dentro, estende as asas, belas como a vitória E aí, então, nos seus ombros, dou uma longa volta pelos céus da cidade...
Autor - Mario Quintana
Ah, sempre que se sonha alguma coisa tem-se a idade do tempo em que a sonhamos: Me esqueci do futuro...
Autor - Mario Quintana
Do Mau Estilo... Todo o bem, todo o mal que eles te dizem, nada Seria, se soubessem expressá-lo... O ataque de uma borboleta agrada Mais que todos os beijos de um cavalo.
Autor - Mario Quintana
Alma errada Há coisas que a minha alma, já mortificada não admite: assistir novelas de TV ouvir música Pop um filme apenas de corridas de automóvel uma corrida de automóvel num filme um livro de páginas ligadas porque, sendo bom, a gente abre sofregamente a dedo: espátulas não há… e quem é que hoje faz questão de virgindades… E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones fugir desesperada me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem, bebendo o que todos bebem, comendo o que todos comem. A estes, a falta de alma não incomoda. (Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo). E ligarei o rádio a todo o volume, gritarei como um possesso nas partidas de futebol, seguirei, irresistivelmente, o desfilar das grandes paradas do Exército. E apenas sentirei, uma vez que outra, a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido…
Autor - Mario Quintana
Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá. Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é Es-pe-ran-ça...
Autor - Mario Quintana
Quando eu morrer e no frescor de lua Da casa nova me quedar a sós, Deixa-me em paz na minha quieta rua... Nada mais quero com nenhum de vós! Quero é ficar com algumas poemas tortos Que andei tentando endireitar em vão... Que lindo a Eternidade, amigos mortos, Para as torturas lentas da Expressão!... Eu levarei comigo as madrugadas, Pôr de sóis, algum luar, asas em bando, Mais o rir das primeiras namoradas... E um dia a morte há de fitar com espanto Os fios de vida que eu urdi, cantando, Na orla negra do seu negro manto...