Caio Fernando Abreu

Que a felicidade nunca seja de menos. Afaste todo o mal que me ronda.

Não se pode ser infeliz, não se pode morrer em vida, não se pode desistir de amar, de criar. Não se pode: é pecado, é proibido (...) Não é possível adiar a vida.

Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça a doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada.

A alegria não é difícil. Fique atento no seu canto. Basta uma margarida na sua fossa.

E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido.

Fico vivendo uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música o tempo todo.

E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida...

Uma alegria que era o avesso daquela que tinham me treinado para sentir.